Rua Carlos Chagas, 708 - São Lucas

VOLTA REDONDA-RJ

(24) 3342-4270

Seg a sex: 14h - 20h45

Rua Carlos Chagas, 708 - São Lucas

VOLTA REDONDA-RJ

(24) 3342-4270

Seg a sex: 14h - 20h45

Nosso Patrono

Padre Francisco de Paula Victor

Francisco de Paula Víctor

Patrono Espiritual da AEEV

Em agosto de 1945, o nome de Francisco ecoou pela primeira vez aos ouvidos dos abnegados irmãos que decidiram fundar a AEEV, na reunião subsequente à de fundação da Associação. Nesta reunião, o Espírito Frade Antônio Silva manifestou-se através do médium Adauto Souza Telles e sugeriu o nome de Padre Víctor como Patrono Espiritual da AEEV e, embora nenhum deles conhecesse aquela entidade espiritual, acataram a sugestão.  Certamente, no íntimo de cada um daqueles confrades devia ressoar, repetidamente, uma indagação: “Quem será Francisco de Paula Víctor?”

Vivíamos ainda sob a hediondez da escravidão quando em 12 de abril de 1827 nasceu Francisco de Paula Víctor, na cidade de Campanha, Sul de Minas Gerais, filho de Lourença Justiniana de Jesus com um escravo cujo nome é desconhecido. O nome de sua mãe não constava em seus documentos e foi divulgado por ele mesmo quando requereu seu processo de tonsura (cerimônia religiosa em que o bispo dá um corte no cabelo do ordinando ao conferir-lhe o primeiro grau de Ordem no clero).

Sua mãe era uma negra liberta que morava com a Senhora Mariana de Santa Bárbara Ferreira, viúva do fazendeiro Liberato José Tibúrcio. Essa bondosa senhora, de ideais abolicionistas tinha apenas um filho e adotou o menino filho de sua empregada.

Francisco nasceu livre em plena escravatura, graças à bondade e ideais abolicionistas da Sra. Mariana, pois, somente 44 anos após, em 28/09/1871, é que seria promulgada no Brasil a Lei do Ventre Livre.

Foi batizado em 20/04/1827, sendo seus padrinhos: Feliciano Antônio de Castro e Mariana de Santa Bárbara Ferreira.

Infância

Sua Madrinha pagava-lhe o ensino e aos 8 anos sabia ler e escrever. Ela o colocou como aprendiz na alfaiataria do Sr Inácio Tibúrcio. O menino criado em família muito católica, frequentava a Casa Paroquial onde engraxava as botas do sacerdote cónego Antônio Felipe de Araújo e de seus visitantes. De tanto ouvir missas e orientado pelo sacerdote aprendeu Latim. Estudava Francês e Arquitetura. Certa feita, na alfaiataria disse ao seu mestre alfaiate Sr Inácio, que já havia lido as sagradas escrituras em Português, as estava lendo em Latim e que não lhe desagradava o ofício de alfaiate, entretanto, no seu íntimo intensificava uma vontade ardente de ser Padre, razão porque toda noite orava a Jesus e a Nossa Senhora da Ajuda para que o ajudassem a ser Padre.

Mestre Inácio, soltando uma gostosa gargalhada o repreendeu e disse-lhe: “Francisco, só faltava essa. Você não ignora a situação do preto. Enquanto seus irmãos de raça estão nos garimpos, nos engenhos, na fazenda e sem escola, você está aprendendo um ofício de branco e estudando. Saiba que não é qualquer branco que chega a ser Padre, pois os candidatos são escolhidos a dedo. Os Padres são homens importantes, influentes, sábios, oradores, queridos e respeitados, até políticos como Deputados e Senadores”. Francisco respondeu: “Não, mestre Inácio, não é esse motivo pelo qual tenho este desejo. Não pretendo ser sábio, escritor ou orador, quero ser muito mais do que isso tudo, quero ficar junto de Jesus, no Santíssimo Sacramento do altar; quero ensinar, consolar, sentar num confessionário e aliviar as almas e o sofrimento dos pobres. Se um dia eu for um Ministro de Deus, pedirei à Maria Santíssima que ponha fim na escravidão no Brasil”.

Francisco nunca mais tocou no assunto com seu mestre de alfaiataria.

Ingresso no seminário

Para entendermos a entrada de Francisco no Seminário, é necessário recordar que, naquela época, o Sacerdócio era uma das profissões mais procuradas. Era sonho de toda família ter um dos seus membros como Padre, razão porque havia sacerdotes que não tinham vocação, seguindo a carreira sacerdotal por pressão familiar. Essa procura fazia com que os Seminários ficassem cheios e a admissão como seminarista só era possível com aprovação do Sr. Bispo e após vultosa doação para a Igreja. Um seminarista era tratado com distinção e respeito pela sociedade. Quem o indicou para o seminário foi o Vigário de Campanha, Cônego Antônio Felipe de Araújo, sacerdote virtuoso e culto, que a pedido de D. Mariana Santa Bárbara Ferreira apresentou Francisco ao Sr. Bispo, D. Antônio Ferreira Viçoso. Francisco nessa época tinha 17 anos e era de compleição forte e estava bem adiantado em seus estudos, uma vez que era estudioso e gostava de saber. Foi sempre um autodidata.

Como Francisco só tinha as roupas do corpo, sua benfeitora fez uma “doação” de parte de seu patrimônio à Diocese, concedendo terras de cultura em sua Fazenda da Conquista, localizada em Campanha.

O Sr. Bispo Viçoso, grande psicólogo e inteligente, recebeu de braços abertos o estudante negro, após ter feito um apanhado geral sobre a vida do candidato e ato contínuo, tomou providências para enviá-lo logo ao grande colégio Caraça, que era naquela época o principal colégio de Minas Gerais e um dos mais famosos do Brasil, era um ninho de sábios.

Francisco foi enviado ao colégio do Caraça em 1844. Nessa época, ele era de gênio forte, quase explosivo, mas sabia se dominar para não se rebaixar ao nível dos insultantes. Já tinha alguma cultura, mas não fazia ostentação. Apesar de sua humildade, era bem conhecido em Campanha pelas suas virtudes. Mas no Caraça era desconhecido. Sua ida para o grande colégio não fora propalada para não causar surpresas nem reações antecipadas naquela juventude cheia de grandezas.

No dia de sua chegada, ele adentrou o pátio na hora do recreio. Quando ele surgiu, acompanhado por um sacerdote, todos viram aquele negro, forte, beiços grandes, nariz chato, rosto largo e olhos serenos, firme e acolhedor, calaram-se e começou o cochicho, risadinhas, remoques e ironia.

O novo estudante, com postura firme, destemido, modesto e com ar de bondade, sem a menor alteração, esboçou um sorriso. Aí os demais estudantes, ao verem aquelas beiçolas entreabrirem-se mostrando os dentes alvos, explodiram em estrepitosa gargalhada. Nessa altura, o padre que o acompanhava tomou a palavra e disse com delicadeza e firmeza: “Meus bons rapazes, por que estão rindo? Foi o Sr. Bispo, D. Viçoso, que o mandou para cá. É ele um candidato ao sacerdócio, tratem-no bem porque é nosso irmão”.

A reação foi intensa, pois diziam: “Lugar de negro é no garimpo e não na escola, na senzala e não no nosso dormitório. Não pode ser, não pode”.

E a tensão entre os mais exaltados foi aumentando tanto que foi necessária a vinda do próprio Sr. Bispo, que reuniu os estudantes e disse-lhes, após pequena oração:

“Meus caros jovens, filhos queridos, vocês estão estranhando a presença de meu candidato, mas saibam de uma coisa: ele é realmente preto e não tem beleza física. Entretanto, tem uma alma brilhante, branca e bela. Se vocês fossem uns ignorantes e analfabetos, essa atitude seria perdoável, mas sendo moços e nobres de fina educação, não fica bem agirem dessa maneira.”

A atitude enérgica e o carisma do Sr. Bispo, bem como seu carinho paternal, fez com que a turma acalmasse e aceitasse o jovem Francisco.

Francisco não se abateu diante da galhofa dos estudantes, não se revoltou diante do tremendo recalque, como não se envaideceu pelo apoio do Sr. Bispo. Continuou o mesmo e impressionou a turma. Parte da turma fez um acordo de humilhá-lo e no dormitório os mais orgulhosos debochavam dele dizendo: “Francisco arrume minha cama”. E ele respondia: “Sim, senhor” e arrumava. “Francisco engraxe as minhas botas” e ele dizia: “Sim, senhor” e engraxava. “Francisco traze-me água” e ele levantava da cama e ia buscar.

Arrumava camas, varria, fazia os serviços mais pesados, sem nunca reclamar aos seus superiores ou à sua madrinha. Esse procedimento acabou por derrubar toda resistência e, após algum tempo, era respeitado e aceito por todos que ombreavam com ele sem envergonharem-se. Através da humildade ele se impôs.

Do colégio Caraça ele foi para o Seminário de Mariana e aos 24 anos foi ordenado padre, no dia 14/06/1851, pelo Bispo D. Antônio Ferreira Viçoso.

Após ordenação obteve permissão para visitar sua terra natal e rezar sua primeira missa cantada. D. Viçoso o nomeou coadjutor, que é o sacerdote adjunto de um pároco ou de um Bispo.

A nomeação de Padre Francisco a coadjutor mostra a afeição de D. Viçoso para com ele. O Bispo viajava e ele é quem atendia o povo em seu nome.

O coadjutor de um Bispo tinha muita influência e Francisco poderia usá-la para ser indicado para uma paróquia rica que o permitisse subir rapidamente na hierarquia da Igreja. Mas nunca se prevaleceu de tal regalia.

Em 1852, vagou a paróquia da Freguesia de Três Pontas e o Bispo resolveu nomeá-lo Pároco. Francisco agradeceu e manifestou desejo de antes de assumir a paróquia, visitar sua cidade natal. O Bispo não permitiu dizendo: “Primeiro assuma a sua paróquia, depois visite sua cidade”.

Forneceu-lhe o Bispo um animal, um pajem para longa viagem e lhe deu 20 mil réis, dizendo-lhe: “Padre não faz despesa”.

Quando chegou à cidade, houve um certo retraimento dos paroquianos, principalmente os das classes abastadas, descendentes de portugueses, que se aborreceram com o ato do Bispo de Mariana, enviando-lhes um “Preto” como vigário.

Entretanto, a dedicação do Padre Víctor e sua dedicação como professor permitiram que se desenvolvesse uma consideração tão grande em relação à sua pessoa, que tempo depois gozava da estima de todos.

Assumiu a paróquia em 18/06/1852 e a dirigiu até 23/09/1905, por 53 anos ininterruptos.

Realizações

  • Construiu um colégio ao qual em homenagem a Jesus, Maria e José, deu o nome de Colégio da Sagrada Família. Esse educandário, do qual era diretor e excelente professor de Latim e Francês, idiomas que falava fluentemente, adquiriu grande conceito na região pela qualidade do ensino ministrado. Dele saíram elementos de projeção na sociedade, como: Bispo, médicos, advogados, juízes e professores. Esse colégio passou para o Estado em 1893.
  • Construiu a matriz de Nossa Senhora da Ajuda, de Três Pontas.

Caridoso

Há muitos relatos das atividades desse elevado espírito quando encarnado, que não dava nenhum valor ao dinheiro nem a coisas materiais. Vejamos alguns:

– Padre Víctor, retribuindo o que a vida através de D. Mariana, sua madrinha, lhe havia concedido, fez de muitos filhos de famílias humildes homens de cultura com a gratuidade de ensino, através de bolsa de estudos no colégio que dirigia.

– Quando o Colégio da Sagrada Família passou para o Estado, cedeu gratuitamente cômodos de sua casa para residência de rapazes normalistas, que tomavam pensão em residências familiares.

– Um professor, Sr. Afonso S. Moreira, passou a residir em sua casa e, muito doente, era por ele assistido e toda noite encorajado a si recuperar.

– Destinou um quarto de sua residência para um adolescente leproso, recomendando a todos para não se comunicarem com ele por ser transmissível o terrível mal. Toda noite ia visitá-lo e confortá-lo.

– Certa feita, foi a uma fazenda distante celebrar um casamento viajando em carro de boi. Após o casamento as testemunhas, pessoas ricas, deram as espórtulas em três envelopes fechados. Padre Víctor apanhou o envelope e deu-o ao seu auxiliar, o sacristão Sr. Rabelo Mesquita. Este, abrindo-o viu que tinha 200 contos de réis, quantia altíssima, imediatamente devolveu-o ao Vigário, o qual desinteressado lhe disse: “É teu, comprarás uma vaca”. O Padre fez isso porque o pai do sacristão, homem pobre, gostava de realizar pequenos negócios com gado. O dinheiro que ele deu dava pra ele comprar 4 vacas.

– O Padre pernoitou na fazenda, no outro dia almoçou e retornou a cidade. Ao passar por um bairro pobre, uma mulher lhe pediu esmola, ele deu para ela um envelope. Ela foi à venda e lá viu que a quantia que estava no envelope era de 100 contos de réis, correu atrás do carro de boi para devolver, porém o Padre disse: “Dei é sua”.

– Na entrada da cidade, outra mendiga implorou-lhe uma esmola e a ela deu o terceiro envelope.

– Na casa de Padre Víctor cultivava-se um costume do qual ele gostava. Toda pessoa que ia visitá-lo podia sair levando um objeto de que gostasse. Ele dizia: “isso não me causa mágoa porquanto todos levam o que encontram e a mim me trazem o que necessito. Nunca me faltou nada nessa casa.”

Desencarnação

Após os 70 anos, Padre Víctor começou a sofrer dos rins e por causa disso ia periodicamente a Poços de Caldas se tratar. Além disso, sofria de problemas cardíacos e hepatite. Faleceu em 23/09/1905, às 3 horas, segundo o atestado de óbito, sendo enterrado no dia 25, às 10 horas da manhã, na Igreja Matriz. A causa mortis foi Estupor (antigo nome de parada cardíaca, motivada por acidente circulatório).

O corpo estava tão inchado que, para enterrá-lo, foi necessário utilizar um grande esquife que havia na igreja para guardar uma imagem de Nosso Senhor Jesus morto.

O atraso do sepultamento se deu em função do interesse de pessoas de outras cidades participarem dos funerais.

Pedaços fragmentados de sua batina e fios de seu cabelo foram guardados como relíquia.

Francisco de Paula Víctor reencarnou para submeter-se à prova da humildade, pois, segundo informações de mentores da AEEV, seu espírito iluminado já brilhou nas academias europeias e renasceu como filho de uma liberta para adquirir mais um laurel perante a própria consciência – e foi vencedor.

Datas significativas de sua vida

  • 12/04/1827 – Nascimento
  • 20/04/1827 – Batizado
  • 20/02/1850 – Primeira Tonsura
  • 23/02/1850 – Subdiaconato
  • 15/03/1851 – Diaconato
  • 14/06/1851 – Ordenação aos 24 anos
  • 14/06/1851 a 17/06/1852 – Coadjutor do Bispo D. Antônio Ferreira Viçoso
  • 18/06/1852 a 23/09/1905 – Vigário de Três Pontas, MG.
  • 1894 – Canonicato
  • 1905 – Monsenhorato
  • 23/09/1905 – Desencarnação

Atividades no plano espiritual

Segundo informações de amigo espiritual, é o Padre Francisco de Paula Víctor um elevado espírito com muitas responsabilidades no mundo espiritual, atuando como protetor de uma vasta região compreendida entre o Sul de Minas Gerais, parte de São Paulo e do Rio de Janeiro. É guia espiritual de inúmeras Casas Espíritas nesses Estados.

Aqui em Volta Redonda é Mentor Espiritual da Associação Espírita Estudantes da Verdade, da Associação Espírita Discípulos de Allan Kardec, do Centro Espírita ao Encontro do Mestre e do Centro Espírita Luz e Caridade.

Livros

Através do médium José Raul Teixeira escreveu 3 livros editados pela Editora Frater:

  • Vida e Mensagem
  • Quem é o Cristo
  • Atalaia Cristã

Além de mensagens psicografadas por vários médiuns do nosso país, inclusive por Chico Xavier.

plugins premium WordPress