Transcorria a década de 40 do século XX.
Época marcada pela Segunda Guerra Mundial e também por grandes mudanças.
O Brasil passava por um período de grande desenvolvimento e transformações sociais, econômicas e territoriais. A população até então predominantemente rural gradativamente tornava-se mais urbana. Passava-se da longa tradição cafeeira agroexportadora do Século XIX e início do XX para uma significativa economia de base industrial.
Com o objetivo de libertar o País da dependência do aço externo, estudava-se um projeto siderúrgico brasileiro que tomou propulsão com a eclosão da 2ª Guerra Mundial em 1939.
Por sua localização geográfica privilegiada em relação às principais cidades consumidoras e fornecedoras de matéria prima, Volta Redonda foi escolhida como cidade-sede da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, fundada em 9 de abril de 1941, a qual forneceu as bases para a industrialização nacional.
Em 1940 possuía 2.782 habitantes distribuídos em dois pequenos núcleos urbanos que formavam o povoado de Santo Antônio de Volta Redonda. Era o 8º distrito do Município de Barra Mansa, só conquistando sua emancipação em 17 de julho de 1954.
Para construir e operar a CSN, chegavam trabalhadores oriundos principalmente das áreas rurais da Zona da Mata (Minas Gerais e Espírito Santo).
De 1941 a 1945, dentre os trabalhadores que chegavam à Volta Redonda, alguns traziam dentro de si uma semente luminosa. Eram alguns poucos simpatizantes e conhecedores da Doutrina dos Espíritos. Desconhecidos entre si, não tardariam a se congregar em torno de um grande ideal.
No início de 1945, um fato inusitado relacionado à fenomenologia espírita levaria alguns desses irmãos a um trabalho conjunto. Um pai de família que residia no bairro São João havia se enforcado e pouco tempo depois esse espírito começou a influenciar uma de suas filhas que residia na mesma casa onde o triste fato ocorreu.
Essa situação chegou ao conhecimento de alguns dos irmãos espíritas e então o confrade Adauto de Souza Telles, que antes frequentava o Grêmio Espírita Nazareno, no bairro Encantado – RJ, buscou maiores informações sobre o episódio e acabou por concluir que tratava-se de um processo obsessivo.
Levou o fato ao conhecimento dos confrades Sebastião Marques e Sebastião Pereira de Assumpção para uma análise conjunta e decidiram reunir um grupo maior para abordagem do problema, pois, dessa forma, agiriam com mais segurança, uma vez que o processo obsessivo poderia acarretar consequências embaraçosas e desagradáveis. Passaram então a contar com a colaboração de novos irmãos: José Ribeiro Vaz, Wagner Dias Barbosa, Bráulio Pires Baptista, Oswaldino Gamboa, Afonso Pereira da Silva e o Dr. João Gomes de Miranda.
O abnegado grupo, numa ação desinteressada e caridosa, prestou toda assistência espiritual àquela família, conseguindo debelar o processo obsessivo, iniciando a semeadura do Espiritismo em Volta Redonda.
O êxito alcançado animou esses irmãos que passaram a alimentar a ideia de fundar uma instituição espírita na cidade. A primeira reunião com esse fim foi realizada no lar do Dr. João Gomes de Miranda, que situava-se na Avenida Paulo de Frontin, exatamente onde funciona hoje a Igreja Metodista, no bairro Aterrado. Naquela casa, no dia 19 de agosto de 1945, foi fundada a Instituição que, por sugestão de um espírito chamado Caboclo Ubiratan, que se comunicou através do médium Wagner Dias Barbosa, passou a denominar-se Associação Espírita Estudantes da Verdade.

Quadro dos Fundadores da Associação

1º local onde funcionou a AEEV – sede provisória:
Rua São João, n° 92 – atual Bairro São João – VR
Na reunião subsequente do grupo, manifestou-se através do médium Adauto de Souza Telles o espírito Frade Antônio Silva que sugeriu que a Associação adotasse o Padre Francisco de Paula Víctor, de Três Pontas – MG, como patrono espiritual, o que foi aceito, embora nenhum dos membros tivesse conhecimento da existência daquela Entidade Espiritual.

O passo seguinte foi convocar uma Assembleia Geral que foi realizada em 07 de setembro de 1945. Nesse dia, num imóvel alugado na Rua São João nº 92, reuniram-se 25 espíritas, simpatizantes ou interessados, que referendaram a fundação da AEEV. Nessa mesma Assembleia foi aprovado o Estatuto da Associação, publicado no Diário Oficial do Rio de Janeiro, de nº 4301, de 14 de novembro de 1945, assim como foi escolhida por aclamação a primeira Diretoria Executiva que ficou assim constituída:
Presidente: Adauto de Souza Telles
Secretário Geral: Ari Duarte Figueiredo
2º Secretário: Afonso Pereira da Silva
Procurador: José Ribeiro Vaz
2º Procurador: Oswaldino Gamboa
Bibliotecário: Wagner Dias Barbosa
Diretor de Assistência: Sebastião Pereira Assumpção
Zelador: Sebastião Beraldo
CONSELHO FISCAL:
Natalino Nunes Vieira, Yaro de Castro e Pedro Moreira.
E, para alegria de todos, o confrade Osvaldo Silva, médium que representava Instituições Espíritas da cidade do Rio de Janeiro, recebeu uma mensagem do Dr. Bezerra de Menezes coroando, dessa forma, os trabalhos daquele memorável dia.
Leia maiores detalhes no livro “Histórico da AEEV e Resumo biográfico de Francisco de Paula Victor”

Dr. Bezerra de Menezes

Quadro de Ex-Presidentes da Associação
A evolução da sede definitiva, na atual Rua Carlos Chagas, Bairro São Lucas – VR

Anos 50

Sede atual em 1962

Fachada atual